quinta-feira, 31 de julho de 2008

Questão de fundo 2

No fundo, os novos fundos do mercado agrícola internacional são os grandes responsáveis pela "era não-geográfica" da alimentação, para reiterarmos a expressão de Carolyn Steel. Quem vive em grandes cidades não imagina que o bife, o leite e os ovos consumidos vêm de algum lugar distante e improvável do planeta. Além disso, os preços em alta, frutos de mera especulação dos mercados da volatilidade, acabam com o fundo dos bolsos dos mais pobres, para não dizermos mais de outra maneira.

Contra Blairo Maggi

Para o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a área desmatada na Amazônia Legal caiu em junho. Para a Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) o desmate aumentou. Uma coisa é certa, como diz o Millôr: nas grandes cidades se mata, na Amazônia se desmata.

Será?

De Kassab para o povo de São Paulo: "Se eu tivesse bola de cristal, não teria participado (O prefeito foi secretário de Planejamento de Celso Pitta). As pessoas me conhecem hoje, sabem a minha maneira de trabalhar, a seriedade como trato dos recursos públicos", disse. "Se o tempo voltasse, evidentemente eu não participaria."

Questão de fundo

O Ministro Tarso Genro, em seu discurso contra os torturadores do regime militar: "Essa é uma discussão de fundo, da democracia, é uma discussão de fundo sobre todos. É uma discussão sobre as instituições da república, portanto, uma discussão sobre o nosso futuro".

Termômetro

O mundo aquece, enquanto a Exxon, maior petrolífera do mundo, aquece seu próprio cofre. A empresa teve no ano passado o maior lucro da história do capitalismo: US$ 39,5 bilhões.

Clima de Omissão

Parar limitarmos o aquecimento global a 2C, podemos jogar "somente" 750 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera neste século. Se nada for feito, será emitido até o fim do século 1,4 trilhão de toneladas. Isso é o que afirma os relatórios do IPCC, de fevereiro de 2007.

É muita sujeira para se atingir o "progresso", não?

terça-feira, 29 de julho de 2008

Consenso

A Rodada Doha rodou.

sábado, 26 de julho de 2008

Contra a auto-ajuda

Se todos forem prósperos, certamente o mundo será ainda mais chato.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Mar sonoro


Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.

A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.

ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. Dia do Mar. Lisboa: Ática, 1947.

terça-feira, 22 de julho de 2008

A Mídia e os banqueiros

A partir do momento que a imprensa chama Daniel Dantas de "banqueiro desonesto", fica evidente que algo cheira muito mal. Sabe-se que a expressão "banqueiro honesto" é paradoxo, antítese, oxímoro.

domingo, 20 de julho de 2008

Zé Pilintra

Em alguns casos seria interessante instituir o teste de bafômetro para pedestres ...

sábado, 19 de julho de 2008

Alstom: Consórcio Via Amarela

O buraco do metrô de São Paulo é mais em cima.

Data

Não se navegam os corações como os mares deste mundo; não se trocam sensações como as mercadorias deste mundo; o escuro do futuro não é tão palpável quanto a renúncia deste mundo.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Espero

Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe, de cinza e oiro,
O nevoeiro
E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda.

ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. Poemas Escolhidos. Seleção de Vilma Arêas. São Paulo: Companhia das Letras, 2004

quinta-feira, 17 de julho de 2008

No poema

No poema ficou o fogo mais secreto
O intenso fogo devorador das coisas
Que esteve sempre muito longe e muito perto.

ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. "Mar Novo". In: Poemas Escolhidos. Seleção de Vilma Arêas. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

Instantes

Há intantes que são nossos; vivemos com eles. Em algibeiras líquidas, nós os guardamos, porque outros pintam e outros hão de pintar. No sonho colorido do pintor, eles aparecem imprimindo lágrimas, criando cores, ensejando traços, refazendo o desenho. Importam como força formadora e não como produto final. Conferem duração à gênese do tempo: vivimento real, eles formam e desformam. Nós os temos, mas sobretudo, procuramos.

domingo, 13 de julho de 2008

Eureka !

Tiquira

Acepções
substantivo feminino
Regionalismo: Norte do Brasil

aguardente de mandioca

Etimologia: tupi ti'kïra 'aguardente de mandioca' (Dicionário Houaiss)

Hipóteses

A vida é um abre olho e fecha olho, um abrir e fechar o olho, um abre e fecha olho. Até um dia em que os olhos não abrem e não há mais depois. Haverá uma outra coisa: um olho fechado, uma outra coisa ...

O corte das palavras da Corte

Não há somente o reino das palavras, mas também as palavras do reino. O penetrar surdo destas últimas causa alarido e dissipa as possibilidades do outro reino, que não tem rei. As palavras do reino, ao contrário, têm rei. E o rei julga a inaceitável convicção íntima de seus subordinados, pensando que a convicção dele, além de ser aceitável, é imprescindível para o bem comum do corpo místico do reino.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Das Wort Vom Zur-Tiefe-Gehn

IR-AO-FUNDO,
a palavra que lemos.
Os anos, as palavras desde então.
Somos sempre os mesmos.

Sabes, o espaço é infinito,
sabes, não precisas voar,
sabes, o que se escreveu em teu olho
aprofunda-nos o fundo.

CELAN, Paul. "A Rosa-de-Ninguém". In: Cristal. Tradução de Claudia Cavalcanti. São Paulo: Ed. Iluminuras, 1999.

E agora quem poderá me defender ?

Pelo visto, ao contrário de Cacciola, Daniel Dantas não precisará ir tão longe para pedir auxílio.

Contra a Mídia

O presidente do STF não gostou da "espetacularização das prisões". Segundo ele, seria com comedimento que a PF deveria agir na prisão de Nahas, Dantas e Pitta. Se possível, sem divulgação da imprensa. Tudo para não afetar a honra dos acusados. Seria muito melhor se o STF dissesse o que pode e o que não pode ser noticiado. Também seria interessante que se deixasse claro qual a ênfase conveniente a ser dada a cada assunto.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Na Asa do Vento

A lua é clara
O sol tem rastro vermeio
É o mar um grande espeio
Onde os dois vão se mirar
Rosa amarela quando murcha
Perde o cheiro
O amor é bandoleiro
Pode inté custa dinheiro
É fulô que não tem cheiro
E todo mundo quer cheirar

Luiz Vieira / João do Vale

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Podemas

Devo dizer que sequei muito o Fluminense. Inquietava-me ver um time que poderia estufar o filó tantas vezes com beleza e precisão, como se sonha sempre ser possível, ficar perdido técnica e emocionalmente a ponto de tomar de quatro no Equador. Inquietava-me ver que a firula exata, a pintura do chute a gol e a emoção da idéia quando ginga de Dodô estavam no banco por conta de uma mistura improvável de arrogância e medo de Renato Gaúcho. Confiança não é soberba, e muito menos arrogância pública, diria Xico Sá. A vaga geometria em direção ao corredor e a paralela do impossível foram atropeladas por um time mediano. Detalhes do futebol, esse esporte do imprevisto. Mas sempre acho que os técnicos que querem ser mais do que o próprio jogo merecem perder. Tal como no famoso diálogo entre Degas e Mallarmé, no qual este afirma que a poesia é feita de palavras e não de idéias, o futebol é para quem joga e não para quem fala.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Toca da Raposa

Em 2007, a Volks faturou 21 bilhões de reais no Brasil, com crescimento de 33% nas vendas. Sabe-se que, se dependesse somente de suas vendas na América do Norte ou na Europa, a empresa alemã estaria no vermelho. Mesmo assim os descuidos com o consumidor brasileiro são enormes. Não podemos esquecer do caso "Fox", modelo produzido desde 2003, que apresenta defeitos como uma tal trava que serve para ampliar o espaço do bagageiro, mas também tem como virtude decepar os dedos dos desavisados que a acionam. Como se vê, o aumento da produção automobilística não causa só a amputação do tempo, mas também outras mutilações. E assim, seguimos: uma bancarrota blues da expansão da economia ...

terça-feira, 1 de julho de 2008

Ponte Estaiada

Tudo muito alegórico: A ponte dos Frias é mais moderna que a dos Mesquitas, além de ser mais "importante": liga o bairro do Morumbi à avenida Jornalista Roberto Marinho, enquanto a dos Mesquitas não leva ninguém a lugar nenhum. Como se não bastasse, sob as pontes "correm" dois cães sem nenhuma pluma, dois rios podres que fedem e muito. Nas margens, um mar de carros parados.

Da amizade

Para ser amigo, é preciso antes comer um quilo de sal junto.