quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Feito um riachinho num ribeirão

Antes, nos outros lugares onde morara, tudo acontecia já emendado e envelhecido, igual se as coisas saíssem umas das outras por obrigação sorrateira - os parentes, os conhecidos, até os namoros, os divertimentos, as amizades, como se o atual nunca pudesse ter uma separação certa do já passado; e agora ele via que era dessa quebra que a gente precisava às vezes, feito um riachinho num ribeirão ou rio precisa de fazer barra.

ROSA, João Guimarães. "A Estória de Lélio e Lina". In: Corpo de Baile. Volume 1. Edição Comemorativa 50 anos. São Paulo: Ed. Nova Fronteira, 2006.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Plataforma 2009

Não põe corda no meu bloco,

nem vem com teu carro-chefe,

não dá ordem ao pessoal.

Não traz lema nem divisa que a gente não precisa

que organizem nosso Carnaval.

Eu não sou candidato a nada,

meu negócio é madrugada mas meu coração não se conforma.

O meu peito é do contra e por isso mete bronca

nesse samba-plataforma:

por um bloco que derrube esse coreto,

por passistas à vontade que não dancem o minueto,

por um bloco sem bandeira ou fingimento

que balance a abagunce o desfile e o julgamento,

por um bloco que aumente o movimento,

que sacuda e arrebente o cordão de isolamento.

João Bosco & Aldir Blanc

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Chá de Jurubeba

Lula tem razão: ler jornal faz muito mal ao fígado. Ouvi com atenção o conselho, uma vez que já exijo bastante do querido figueiredo...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Preleção I

(...)Mas era esperto o bastante
Para admirar o poeta
Por ele suportar com bons modos
As circunstâncias desagradáveis:
Aquelas damas com as melhores intenções,
Os esnobes e seus aplausos,
O canibalismo e as guerras
Do seu século.

Porque o palestrante apenas fingia
Estar entre eles, com eles.
Na verdade, recolhido,
Estava contando sílabas.
Servo da arquitetura,
Criador de variantes de cristal,
Se apartava da causa
Irrazoável dos mortais. (...)

MILOSZ, Czeslaw. "Preleção". In: Não Mais. Seleção, tradução e introdução de Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza. Coleção Poetas do Mundo. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 2003.

Preleção II

(...) E infelizmente, infelizmente passaram
A alegria e o choro,
A fé e o desespero,
A vileza e o horror.
O vento cobriu de neve os sinais,
A terra levou os gritos,
Hoje ninguém mais se lembra
Como e quando isto foi.

E só um dourado, brilhante
Verso decassilábico
Perdura e perdurará pela própria
Harmoniosa razão.
E eu, tarde, retorno
Com um pouco de amargura
Ao seu cemitério marinho
Num meio-dia começado a cada dia.

MILOSZ, Czeslaw. "Preleção". In: Não Mais. Seleção, tradução e introdução de Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza. Coleção Poetas do Mundo. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 2003.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Crase

Afinal, a crase foi feita ou não para humilhar alguém?

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Pecado?

- "Dito, eu fiz promessa, para Pai e Tio Terêz voltarem quando passar a chuva, e não brigarem, nunca mais ..." " - Pai volta. Tio Terêz volta não." " - Como é que você sabe Dito?" "- "Sei não. Eu sei. Miguilim, você gosta de tio Terêz, mas eu não gosto. É pecado?

ROSA, João Guimarães. "Campo Geral". In: Corpo de Baile. Volume 1. Edição Comemorativa 50 anos. São Paulo: Ed. Nova Fronteira, 2006.