quarta-feira, 29 de julho de 2009

XXVII

Avec ses vêtements ondoyants et nacrés,
Même quand elle marche on croirait qu'elle danse,
Comme ces longs serpents que les jongleurs sacrés
Au bout de leurs bâtons agitent en cadence.

Comme le sable morne et l'azur des déserts,
Insensibles tous deux à l'humaine souffrance,
Comme les longs réseaux de la houle des mers,
Elle se développe avec indifférence.

Ses yeux polis sont faits de minéraux charmants,
Et dans cette nature étrange et symbolique
Où l'ange inviolé se mêle au sphinx antique,

Où tout n'est qu'or, acier, lumière et diamants,
Resplendit à jamais, comme un astre inutile,
La froide majesté de la femme stérile.

BAUDELAIRE. Charles. “Les Fleurs du Mal”. In: Oeuvres complètes. Éditions Robert Laffont, 2001.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Carta-manifesto contra a Cracolândia

A comunidade do bairro de Campos Elíseos e adjacências vem publicamente protestar junto à Prefeitura de São Paulo e o Governo do Estado quanto ao modo como vêm tratando o grave problema da Cracolândia e dos moradores de rua na cidade de São Paulo.

Campos Elíseos e bairros adjacentes não aceitam que a nova Cracolândia se instale nas suas ruas, sendo empurrada pela Prefeitura, que entrega a região da Nova Luz ao poder do capital e da especulação imobiliária.

Exigimos que a Prefeitura e o Governo do Estado apresentem urgentemente solução para o problema e um plano de metas para nossos bairros, considerando:

a) A necessidade de um programa sério de saúde, criado e mantido pela Prefeitura e pelo Estado, para tratamento de usuários de crack e outras drogas, com criação e implementação de clínicas para tratamento de dependentes químicos.

b) Promova uma discussão pública e com especialistas a respeito do direito dessas pessoas a tratamento de saúde e acolhimento social.

c) Respeito à Lei Municipal 12.316 em relação aos serviços sociais necessários e urgentes para acolhimento e atendimento a moradores de rua, devolvendo-lhes a dignidade perdida e/ou ameaçada.

d) Coíbam e fiscalizem ações assistencialistas no bairro que visam manter as pessoas carentes em situação de miséria permanente por exclusiva dependência de supostos benefícios.

e) Promovam a revitalização e recuperação dos bairros centrais para que estes não venham a se tornar, posteriormente, alvo da especulação imobiliária que pisa na história dos bairros e da cidade de São Paulo.

Nosso manifesto visa mostrar à população que, por atrás de importantes e necessários equipamentos culturais para a cidade, como a Sala São Paulo, a Estação Pinacoteca e a Escola de Balé, existe um entorno totalmente degradado que agoniza a céu aberto e que tem sido tratado pelo Poder Público com desprezo e desrespeito aos cidadãos do centro. Não queremos que nossos bairros se tornem num futuro próximo alvo de predadores movidos exclusivamente pela especulação imobiliária.

Exigimos respeito, segurança e participação nas decisões quanto ao futuro de nossos bairros.

São Paulo, julho de 2009