segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mortal loucura

Na oração, que desaterra … a terra,
Quer Deus que a quem está o cuidado … dado,
Pregue que a vida é emprestado … estado,
Mistérios mil que desenterra … enterra.

Quem não cuida de si, que é terra, … erra,
Que o alto Rei, por afamado … amado,
É quem lhe assiste ao desvelado … lado,
Da morte ao ar não desaferra, … aferra.

Quem do mundo a mortal loucura … cura,
A vontade de Deus sagrada … agrada
Firmar-lhe a vida em atadura … dura.

O voz zelosa, que dobrada … brada,
Já sei que a flor da formosura, … usura,
Será no fim dessa jornada … nada.

(Zé Miguel Wisnik e Gregório de Matos)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Das solidariedades hipócritas

Não vejo maiores movimentações da "sociedade civil" ou da "imprensa" para se solidarizar com os maranhenses e piauienses, vítimas das enchentes, tal como vimos com insistência na telinha da Globo, meses atrás, a propósito da "tragédia de SC". O sensasionalismo e a hiprocrisia nos assolam, inundando nossa alma já azeda.

Busque Amor novas artes, novo engenho

Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.

CAMÕES, Luís de. "Sonetos". In: Obra Completa em um volume. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 2005, p. 273.

Fenômeno

Ele conhece todos os atalhos. Impressiona pela inteligência: de antemão intui o espaço a ser ocupado, precisando menos da força física e mais do pensamento arguto, que sabe bem antes da bola chegar o que e como fazer.