sábado, 29 de maio de 2010
Do rigor da lei
Lésbia
Planta mortal, carnívora e sangrenta,
Da tua carne báquica rebenta
A vermelha explosão de um sangue vivo.
Nesse lábio mordente e convulsivo,
Ri, ri risadas de expressão violenta
O Amor, trágico e triste, e passa, lenta,
A morte, o espasmo gélido, aflitivo...
Lésbia nervosa, fascinante e doente,
Cruel e demoníaca serpente
Das flamejantes atrações do gozo.
Dos teus seios acídulos, amargos,
Fluem capros aromas e os letargos,
Os ópios de um luar tuberculoso...
Cruz e Sousa, Broquéis
Sexo na Copa
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Eleições 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Déjà vu
Eles adoram um golpe
Do Blog do Mello:
Assim como todo aniversário tem o tradicional soprar das velinhas, o parabéns pra você, o com quem será (tenho filha pequena e conheço da coisa), aniversário do Blog do Mello não estaria completo sem o vídeo em que o deputado Bolsonaro mostra como nossa mídia que se diz democrática, que chama Chávez de golpista e Fidel de torturador e ditador, se comportou em seguida ao golpe militar de 1964, que eles incentivaram e ajudaram a propagar.
Mas não posso deixar também de lamentar que nosso Congresso ainda acolha entre seus pares um deputado como esse. Há alguns anos publiquei aqui uma postagem criticando uma entrevista de Bolsonaro a Diego Salmen, no Terra Megazine, onde ele conseguiu novamente espaço para divulgar pérolas de seu (ahan) pensamento político. Ao repórter, ele afirmou:
O pessoal da esquerda todo diz que foi torturado, mas você não encontra ninguém com uma marquinha na pele.
Barra pesada. Cartazes expostos na entrada do gabinete do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ): "Araguaia: quem procura osso é cachorro" e "Direitos humanos: o esterco da vagabundagem".
terça-feira, 25 de maio de 2010
Ciência e Arte
Quer na ciência ou na arte
Portentoso e altaneiro
Os homens que escreveram tua história
Conquistaram tuas glórias
Epopéias triunfais
Quero neste pobre enredo
Reviver glorificando os homens teus
Levá-los ao panteon dos grandes imortais
Pois merecem muito mais
Não querendo levá-los ao cume da altura
Cientistas tu tens e tens cultura
E neste rude poema destes pobres vates
Há sábios como Pedro Américo e César Lattes.
(Cartola e Carlos Cachaça)
Pôs meus contentamentos a ventura,
Faltou-te a ti na terra sepultura,
Porque me falte a mim consolação.
Eternamente as águas lograrão
A tua peregrina fermosura;
Mas, enquanto me a mim a vida dura,
Sempre viva em minha alma te acharão.
E se meus rudos versos podem tanto
Que possam prometer-te longa história
Daquele amor tão puro e verdadeiro,
Celebrada serás sempre em meu canto;
Porque, enquanto no mundo houver memória,
Será a minha escritura o teu letreiro.
CAMÕES, Luís de. "Sonetos". In: Obra Completa em um volume. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 2005.
Reminiscência
1. Imagem lembrada do passado; o que se conserva na memória; 2. Lembrança vaga ou incompleta; 3. Sinal ou fragmento que resta de algo extinto; 4. Rubrica: filosofia. No platonismo, lembrança de uma verdade que, contemplada pela alma no período de desencarnação (o entremeio que separa suas existências materiais), ao tornar à consciência se evidencia como o fundamento de todo o conhecimento humano; anamnese
Pobre velha música
Não sei por que agrado,
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.
Recordo outro ouvir-te,
Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.
Com que ânsia tão raiva
Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora.
Das fotografias
Falso Brilhante
é um mascarado:
a patada da fera
na cara do domador.
O amor
sempre foi o causador
da queda da trapezista
pelo motociclista
do globo da morte.
Pensem na história
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Trazer agora o futuro para já
Sobre a intuição
Ousadia da alma
Grande Sertão: Veredas
Carta aos Coríntios
quarta-feira, 19 de maio de 2010
A filosofia e a língua alemã
Ocorre que os versos que se encontram no interior de um poema ou de uma canção não estão necessariamente afirmando aquilo que afirmariam fora do poema, noutro contexto. Por exemplo, no poema de Carlos Drummond de Andrade "O Sobrevivente", um verso diz: "O último trovador morreu em 1914". Esse verso vale no poema pelo efeito que causa: pouco importa que seja verdadeiro ou falso. Seria diferente se, em vez de um verso, fosse uma proposição num livro de história da literatura.
Nesse sentido, um poema é análogo a uma pintura. Um episódio da vida de Matisse ajuda a ilustrar esse fato. Visitando o ateliê do mestre, ao ver uma das suas últimas obras, uma senhora comentou: "Parece-me que o braço dessa mulher está muito comprido". "Madame", respondeu ele polidamente, "a senhora está equivocada. Não se trata de uma mulher, mas de uma pintura."
Analogamente, a quem quiser debater com Caetano a afirmação de que só é possível filosofar em alemão, ele poderia responder: "Não se trata de uma afirmação, mas de uma canção". Na verdade, o verso em questão possui uma forte carga irônica e provocativa: tanto mais quanto a afirmação de que só é possível filosofar em alemão é geralmente atribuída a Heidegger, filósofo cujo tema precípuo é o ser. Ora, logo no início de "Língua", um verso ("Gosto de ser e de estar") explora um importante privilégio poético-filosófico da língua portuguesa e de pouquíssimas outras línguas latinas, que é a distinção entre ser e estar: privilégio não compartilhado pela língua alemã.
Mas, abstraindo da canção de Caetano, consideremos a própria tese de Heidegger. Para ele, a língua que hoje mais se aproxima da grega antiga -que considerava a língua do pensamento por excelência- é a alemã. Essa pretensão tem uma história. Os poetas e pensadores românticos da Alemanha inventaram a superioridade filosófica do seu idioma porque foram durante muito tempo assombrados pela presunção, que lhes era opressiva, da superioridade do latim e do francês.
Como se sabe, o latim foi a língua da filosofia e da ciência na Europa inteira desde o Império Romano até a segunda metade do século 18, enquanto o alemão era considerado uma língua bárbara. Na segunda metade do século 17 e no século 18, a França dominou culturalmente a Europa. Paris foi a nova Roma e o francês o novo latim. O alemão Leibniz escreveu seus tratados filosóficos em latim e francês. O filósofo alemão Christian Wolff e o jovem Kant também escreveram em latim. Na corte de Frederico o Grande, falava-se francês; nas escolas prussianas, o alemão, depreciado como "língua de cocheiros", era proibido.
Não admira que os intelectuais alemães -de origem burguesa ou pequeno-burguesa- tenham reagido violentamente, tanto contra o culto que a aristocracia do seu país dedicava a tudo o que era francês quanto contra o concomitante desprezo que reservava a tudo o que era alemão. Para eles, já que a França se portava como a herdeira de Roma, a Alemanha se identificaria com a Grécia. Se o léxico francês era descendente do latino, a morfologia e a sintaxe alemãs teriam afinidades com as gregas. Se modernamente o francês, como outrora o latim, posava de língua da civilização universal, é que eram superficiais a civilização e a universalidade; o alemão seria, ao contrário, a língua da cultura e da particularidade germânica: autêntica, profunda, e o equivalente moderno do grego.
Levando isso em conta, estranha-se menos o fato de que Heidegger tenha sido capaz de querer crer que a superficialidade que atribui ao pensamento ocidental moderno -o "esquecimento do ser"- tenha começado com a tradução dos termos filosóficos gregos para o latim; ou de afirmar que os franceses só consigam começar a pensar quando aprendem alemão.
Estranho é que haja franceses ou brasileiros que acreditem nesses mitos germânicos, quando falam idiomas derivados da língua latina, cujo vocabulário é rico de 2000 anos de filosofia, e que tinha – ela sim – enorme afinidade com a língua grega, além de ter absorvido diretamente a sua herança.
A Paella do Lula
Jornalista da minha geração estranha quando vira notícia. Eu, a bem da verdade, estranho até quando vejo meu nome na capa da Folha, encimando um texto, como se o nome fosse a notícia, não o texto.
Por isso, fiquei chocado ao virar notícia por conta de uma queda na terça-feira à noite, aqui em Madri, que causou a fratura de duas costelas.
Passado o choque, lembrei-me da insistência de meu amigo Sérgio Leo ("Valor Econômico"), um desses jornalistas que dão orgulho da profissão, para que eu escreva um livro contando bastidores de coberturas jornalísticas.
Ainda não me convenceu, mas, já que a notícia está no ar, ouso contar detalhes da queda e dos desdobramentos posteriores porque imagino que há coisas de que o leitor nem desconfia.
O presidente Lula havia terminado de discursar, após receber prêmio. Sempre que isso acontece, os jornalistas (e muitos outros no auditório) tentam se aproximar do presidente, para arrancar uma frase ou, simplesmente, mostrar a cara.
Foi o que tentei fazer, mas pela via errada. Em vez de subir pela escadinha que levava ao palco, tentei escalar o degrauzão do meio. Escorreguei, cai de costas e fraturei as costelas.
Ainda assim, me levantei, usei a escadinha mas, ao chegar perto do bolo, estava como Jorge Araujo, um extraordinário fotógrafo da Folha, costuma brincar: "Já vi cadáveres mais corados que você".
Descrição perfeita para meu estado naquele momento. Se não fosse Patrícia Chiarello, misto de diplomata (da assessoria de imprensa do Itamaraty) e anjo-da-guarda de jornalistas, me mandar sentar e tomar água, teria desmaiado no meio do palco.
O presidente Lula se aproximou e constatou o mesmo que o Jorge Araujo: "Você está branco e suando frio".
Não me lembro se foi antes ou depois da frase de Lula que o coronel Cléber Ferreira, médico da Presidência, me examinou. No momento em que apalpou minhas costas, detectou a fratura e iniciou as providências para que eu fosse levado ao hospital.
Tentei resistir, dizendo que precisava terminar os textos do dia e enviá-los para a Folha. Aí, baixou o coronel no médico, e as ordens foram cumpridas.
Ele fez questão de me acompanhar na ambulância e no hospital, enquanto fazia as radiografias e um exame de urina para ver se a queda trouxera outras complicações.
Primeira observação que, imagino, o leitor não desconfia: é possível, sim, a um médico da Presidência abandonar o presidente para dar atenção a um jornalista. É verdade que, naquela altura, o jornalista precisava dele mais que o presidente, mas o gesto fica.
Como ele me contou no caminho, foi só o seu lado coronel que forçou Lula a não viajar para Davos, em janeiro, quando passou mal em Recife.
Segunda observação: Patrícia e também a Ana Maria, da Comunicação Social da Presidência, seguiram a ambulância até o hospital para, depois, me resgatar e levar para o hotel. Fizeram mais: reservaram um apartamento no hotel em que estava a delegação brasileira, o Intercontinental, para que eu ficasse próximo do médico, delas próprias e também da Janaína e da Sylvia, outras moças da assessoria.
É verdade que tenho, desde sempre, bom relacionamento com o pessoal do Itamaraty, mas, francamente, não esperava tanta atenção e cuidado.
Já no começo da madrugada, outra cena de que o leitor talvez tampouco desconfie: aparecem no hotel os companheiros Andrei Netto ("Estadão"), sua mulher, a Lu ("Portal Terra"), Assis Moreira ("Valor Econômico") e Fernando Duarte ("O Globo").
Todos eles haviam me amparado no local da queda e acompanhado meu percurso na cadeira de rodas até a ambulância. Ou seja, a competição no meio jornalístico pode ser intensa e às vezes selvagem, mas a solidariedade entre alguns também é formidável.
Na atitude dos três, nada que me tenha surpreendido. Embora Andrei e Fernando sejam de uma geração bem mais jovem, trabalhamos juntos em várias ocasiões, sempre competindo, mas lealmente, e sempre pondo o companheirismo acima da concorrência.
Nenhum de nós acha que é preciso dar uma facada nas costas do concorrente para fazer melhor o seu próprio trabalho, sem adversários.
Pouco antes da chegada deles, aparecera no meu quarto uma quentinha, enviada pelo presidente Lula.
Eu já havia jantado, no próprio quarto. Por isso, ofereci a paella (o conteúdo da quentinha) aos companheiros. Assis Moreira não se fez de rogado. Comeu toda a paella do presidente.
Aí, chegaram Lula e sua turma. O assessor diplomático Marco Aurélio Garcia, os ministros Nélson Jobim e Franklin Martins, Nelson Breve, também da SECOM, Carlos Villanova, diplomata que é o segundo de Franklin na Comunicação Social da Presidência, em geral encarregado com competência das viagens internacionais de Lula. Talvez houvesse mais alguém com eles, mas eu não tinha condições físicas de girar o corpo para ver quem se postou atrás de mim.
Lula chegou no exato momento em que eu havia iniciado assim o texto: "Sem se manifestar desde que deixou o Irã na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem tempo para "amadurecer as reações" em torno do acordo com os iranianos (e os turcos) antes de se pronunciar".
Ordenei: "Senta aí e escreve o resto, vai. Você sabe melhor do que eu o que você pensa e diz".
Observação final: minha relação com o presidente (e também com o seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso) sempre foi cordial, como pessoas físicas. Como pessoas jurídicas, critiquei um e critico o outro, às vezes impiedosamente, mas esse é o jogo certo (acho eu) entre jornalismo e política.
Com FHC, a relação era mais formal, pela idade de cada um. Com Lula, é mais relaxada, até porque o conheço desde o tempo em que eu é que podia mandar quentinhas para ele, não o contrário.
Tanto que me despedi brincando: "Você é um péssimo presidente, mas um notável ser humano".
Agora, chega. Vou obedecer as ordens do doutor e coronel Cléber e me recolher ao repouso por tempo indeterminado mas que espero seja breve.
A beleza e o sucesso
Do rigor na ciência
Desfile
na ausência, no ardor contido.
O mundo me chega em cartas.
A guerra, a gripe espanhola,
descoberta do dinheiro,
primeira calça comprida,
sulco de prata de Halley,
despenhadeiro da infância.
Mais longe, mais baixo, vejo
uma estátua de menino
ou um menino afogado.
Mais nada: o tempo fluiu.
No quarto em forma de túnel
a luz veio sub-reptícia.
Passo a mão na minha barba.
Cresceu. Tenho cicatriz.
E tenho mãos experientes.
Tenho calças experientes.
Tenho sinais combinados.
Se eu morrer, morre comigo
um certo modo de ver.
ANDRADE, Carlos Drummond de. A Rosa do Povo. In: Poesia Completa. Volume Único. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 2002.
Da saüdade
Álbum da Copa
terça-feira, 18 de maio de 2010
Heródoto e Dilma na CBN
O raro leitor que compare as entrevistas e tire as suas conclusões.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Miriam e Zé Serra na CBN
Se é assim com os amigos, que diremos com os inimigos...
Filosofia dos epitáfios
Virada
O desespero da diversão incomoda
E algo me dizia que não devia ou que não conseguiria. Quando me pediram pra escrever um texto com minhas impressões sobre a Virada, pensei: "Mas eu vou participar disso?" Saí anteontem de casa por força de compromissos profissionais. Tinha um show pra fazer com a banda Saco de Ratos e uma apresentação da peça "Música para Ninar Dinossauros". Não fosse por esses compromissos, não teria colocado o nariz pra fora do meu "bunker-kitchenette" nem para aspirar o doce ar da noite paulistana (e isso não é nenhuma ironia), que anteontem estava por demais aflitiva, aumentando em escalas assustadoras minha crescente agorafobia.
Talvez ainda esteja longe de me tornar um antissocial, mas tenho de confessar que já não me sinto à vontade em lugares apinhados, mesmo sabendo que tenho de atravessar o viaduto do Chá na hora do rush três dias por semana. Acho que a Virada tem tido um efeito positivo nas pessoas que assistem aos shows -e também nos artistas que trabalham. Então, este não é um texto antiVirada. É simplesmente minha "trip" personalíssima e atual.
Minha retirada exclusivamente voluntária se baseia na ideia de que não consigo me divertir onde muitas pessoas buscam desesperadamente fazer o mesmo. E é justamente esse "desespero" que me incomoda. A diversão não me incomoda, muito pelo contrário. Gosto de me divertir e gosto de ver as pessoas se divertindo. Mas o desespero me incomoda, e a alegria se revela paradoxal, como se fosse necessário assistir a todos os shows, beber todas as cervejas e estar onipresente nos lugares. E, obrigatoriamente, se divertindo muito. Essa é a regra, não é?
Me parece um reflexo do tipo de aflição que nos persegue atualmente. Nossos trabalhos são tão chatos, nossas opções de vida se mostraram tão insatisfatórias e a diversão é tão rara que agora nos sentimos obrigados a usufruir da maneira mais violenta possível nas ocasiões em que ela se manifesta.
Foi o que melancolicamente senti anteontem à noite enquanto procurava desviar da multidão apressada para proteger meu braço recém-operado e revestido de titânio. Vendo as pessoas tomadas por uma alegria forçosamente intensa e por uma espontaneidade que me remete a festas lisérgicas, fui ficando irreversivelmente desanimado. Minha alma frouxa foi se acabrunhando de maneira terrível, e tudo o que eu queria era alguma espécie de fuga, um retiro voluntário, um exílio pré-determinado. Algum tipo de paz.
Coliseu moderno
Talvez tenha a ver com a idade, ainda preciso pensar nisso, pra não parecer leviano com minhas próprias atitudes. Mas enfim: o que sei é que talvez seja necessário fazer uma reflexão maior. Hoje, nós temos os quatro dias de Carnaval, o futebol de domingo, o chope do sábado à tarde. Na Roma Antiga, era o Coliseu, uma espécie de válvula de escape da multidão que, pelo menos em uma hora ou duas, se sentia aliviada vendo leões devorando cristãos ou gladiadores tendo as cabeças decepadas. Não vou simplesmente virar meu polegar pra baixo ao falar da Virada, mas também não vou fazer o sinal de positivo. Continuo achando que há algo estranho numa sociedade que precisa "desesperadamente" se sentir aliviada e feliz por algumas horas. Não deveria esse ser um direito nosso o ano todo?
Mário Bortolotto é ator, diretor e dramaturgo; em dezembro de 2009, foi baleado num assalto a um teatro na praça Roosevelt, centro de São Paulo