segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Opiário

É antes do ópio que a minh'alma é doente.
Sentir a vida convalesce e estiola
E eu vou buscar ao ópio que consola
Um Oriente ao oriente do Oriente.

Fernando Pessoa. "Poesias de Álvaro de Campos". In: Ficções do Interlúdio. In: Obra poética. Vol. Único. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 2001.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A obra do Divino

Show de Ademir da Guia

Ademir da Guia

Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.

Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o.

Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente de alagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.


João Cabral de Melo Neto. Obra Completa. Volume Único. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1999.

Um craque chamado Divino

Serra Gelada


Cerveja artesanal feita a mão com água da mantiqueira, que significa "berço das águas", e ingredientes importados de qualidade. Nossa cerveja tem sabor, identidade própria e é o que buscamos, sempre: "sabor sem culpa".

Deliciosa, surpreendente. De Visconde de Mauá.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Momento Poodle

Do Blog Cloaca News

E agora, José?

Vitorioso, Serra escolhe o Ministério



Do Blog Os amigos do Presidente:
 
Como a vitória agora é questão de dias, é hora de começarmos a analisar o futuro ministério de salvação nacional do governo Serra. Alguns nomes já estão certos, outros ainda são dúvidas. É importante que cada um de nós dê sua opinião sobre eles ou indique substitutos. Vamos conhecê-los:

Relações Exteriores: Fernando Henrique Cardoso;

Defesa: Nelson Jobim;

Justiça: Gilmar Mendes;

Banco Central: Salvatore Cacciola

Comunicações: Ali Kamel;

Saúde: Cacá Rosset;

Economia: (Serra está em dúvidas entre Sardenberg e Leitão)

Segundo sugestões dos homens bons que frequentam este sítio noticioso, poderemos ter também as seguintes pessoas nos ministérios indicados:

Minas e Energia: David Zylbersteyn

Pró-Álcool: Lucia Hipolitro.

Cultura: Arnaldo Jabor

O IBGE será gerido pelo Datafolha.

Trabalho: Chiquinho Scarpa

Turismo: Maitê Proença

Ministério do Acarajé: Cira de Itapuã

Ministério da Juventude: Soninha

Instituto Federal de Reeducação Social Henning Boilesen: Jair Bosolnaro

Previdência Social: Georgina de Freitas

Igualdade Racial: Demétrio Magnoli

Reforma Agrária e Agricultura Familiar: Kátia Abreu

Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres: Rogéria

Articulação Política: Índio da Costa

Esportes: Ricardo Teixeira

A chefia da Casa Civil ficará com a Condoleesa Rice, pois é assunto muito sério pra ser tratado por brasileiros.

O Instituto Rio Branco passará a se chamar Ronald Reagan Institute.

Diário Oficial será substituído pela Folha de São Paulo.

As demais pastas analisaremos a medida que formos sabendo os nomes dos indicados. (Do Professor Hariovaldo Almeida Prado - Enviado por Sonia)

FHC no Hard Talk

domingo, 22 de agosto de 2010

Avesso do avesso

“Tentativa do tucano José Serra de se associar a Lula na propaganda eleitoral é mais um sinal da profunda crise vivida pela oposição”. A frase não é minha, mas do editorial da Folha deste domingo. Ferreira Gullar escreveu sobre as touradas, lembrando-se de João Cabral. O Globo traz como manchete: "Bandidos invadem hotel no Rio e fazem reféns". A Éporca tem como matéria principal a indicação das 100 melhores empresas para se trabalhar. A Folha, sorumbática, salienta que Lula prepara ofensiva em São Paulo. Desesperados, tentam manter a última trincheira.

Livraria da Folha

Ontem, perdi um tempo lendo blogs de jornalistas da Folha. No blog de Josias de Sousa havia toda uma análise sobre a ascensão de Dilma e a queda livre do Zé, além de uma enumeração de "previsões corretas do presidente Lula". Curiosa era a propaganda de alguns livros logo ao lado do texto. Ei-los: Dicionário Lula, de Ali Kamel, Os PeTralhas, de Reinaldo Azevedo, Lula é minha anta, de Diogo Mainardi, A arte da política, de FHC.

Bodypump

 
O Zé buscando musculatura política e eleitoral.

sábado, 21 de agosto de 2010

Joao Donato - Bananeira

Tórax de Superman

- Globo: Governo Lula não mudou a calamidade no saneamento

- Folha: Dilma dispara, dobra vantagem e venceria Serra no 1 º turno

- Estadão: No País, 34,8 milhões de pessoas vivem sem coleta de esgoto

- JB: Lentidão no avanço do saneamento


Essas são as manchetes de sábado. Os jornalões esperam Godot. Um super-tucano com especiais poderes para os salvar da terrível e demoníaca ameaça. O dá demonstrações de faiblesse. Quer substituir o Silva embalado por churrasquinhos na laje, pagode e, pasmem, raros leitores, tentando colar-se à imagem de Lula. Aguardo a coluna do poeta Ferreira Gullar na Folha de amanhã. 

L'origine du monde


L'origine du monde (1866), Gustave Courbet, Musée d' Orsay, Paris

Taverne de Cluny

Gigolô de bibelôs

De que maneira havemos de nos contradizer de sol para sol?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Dois a sós

      Para Leyla Perrone-Moisés, Improviso de Ohio é uma peça "singular no universo de Beckett”. Se as personagens beckettianas são sempre solitárias e se relacionam num regime de sadomasoquismo ou mediante uma relação mestre/escravo, em “Improviso de Ohio” não há nenhuma agressividade ou crueldade; pelo contrário, o que aí se narra é elevado. Trata-se de um amor que foi feliz: “amor por/de alguém que já morreu e envia outro para confortar o que ficou”. Segundo Perrone-Moisés, este texto pertence ao gênero clássico chamado ''consolatio''. Beckett, em plena condensação poética, trata do amor sem sentimentalismos, reduzindo tudo ao essencial.
      Porém, certamente, o melhor do artigo está na explicação para a nova tradução, já que Haroldo de Campos e Maria Helena Kopschitz já tinham realizado outra anteriormente. Como o texto tinha versões de Beckett em inglês e francês, Leyla afirma que sua tradução está mais próxima do texto em francês, ao contrário da tradução anterior. Isso permite, por exemplo, encontrar outras soluções para traduzir expressões como “alone together”, que em francês virou “seuls ensemble”. Campos e Kopschitz traduziram por ''a sós juntos''. Já Perrone-Moisés preferiu aproveitar alguns versos de Fernando Pessoa : ''Hoje, falho de ti, sou dois a sós, / Há almas pares, as que conheceram / Onde os seres são almas./ Como éramos só um, falando! Nós / Éramos como um diálogo numa alma. / Não sei se dormes (...) calma, / Sei que, falho de ti, estou um a sós''.

Escuro do futuro

      É pouco pleitear um capitalismo menos desigual. Precisa-se é olhar as crianças e saber que elas estão cheias de promessas de amor, suspensas na pureza de um amor ainda maiorNossa existência é sempre de homem humano; a vida é progressivo desconhecimento. Contudo, fadiga claudicar para gerar apenas pequenas fábulas. O que importa é construir possibilidades de expressar a força escondida que inventa todas as fábulas.

Esperando Godot


A primeira montagem profissional de Esperando Godot no Brasil aconteceu em 1969. Cacilda Becker interpretava Estragon e Walmor Chagas, Wladimir. A montagem foi marcada desde o seu pioneirismo até o fato emblemático de Cacilda sofrer um aneurisma no intervalo da peça e morrer pouco depois.

Para Walmor, Godot foi importante pela percepção central de que a humanidade está em espera: Além de frisar que a peça é “basicamente sobre o desespero, a miséria do homem sem Deus”, Chagas deixa bem claro também, ao contrário do que muitos pensaram, que a encenação, politicamente, era muito mais do que uma resposta direta à ditadura brasileira, que acabara de instituir o AI-5. Estava em jogo, sobretudo, a própria grandeza “ do texto”.

Walmor acreditava ser um ator devoto das palavras. Curioso, mas Beckett propunha que o caminho da literatura seria a despalavra, justamente porque a palavra em suas narrativas é problematizada não comomeio”, mas também comomaterial”.

Carentes de ações e contemplações, aguardamos os mais variados vislumbres. Terrível hodierno - nada acontece - mesmo com as mãos nervosas de todos os repórteres que tentam, em vão, transformar pífios acontecimentos em notícias. Como dizia Valéry, os fatos enfadam; como espuma, estão longe da desejada amplitude do mar

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quando ela passa

Quando eu me sento à janela
P’los vidros que a neve embaça
Vejo a doce imagem dela
Quando passa… passa…. passa…

Lançou-me a mágoa seu véu: -
Menos um ser neste mundo
E mais um anjo no céu.

Quando eu me sento à janela
P’los vidros qu’a neve embaça
Julgo ver imagem dela
Que já não passa… não passa.

PESSOA, Fernando. "Poesias de Fernando Pessoa". In: Cancioneiro. In: Obra poética. Vol. Único. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 2001.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Manipulações

Aonde chegaremos com gente assim?

Não identificado

Eu vou fazer uma canção pra ela
Uma canção singela, brasileira
Para lançar depois do carnaval

Eu vou fazer um iê-iê-iê romântico
Um anticomputador sentimental

Eu vou fazer uma canção de amor
Para gravar um disco voador

Uma canção dizendo tudo a ela
Que ainda estou sozinho, apaixonado
Para lançar no espaço sideral

Minha paixão há de brilhar na noite
No céu de uma cidade do interior
Como um objeto não identificado

É Proibido Proibir



“…Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? Vocês têm coragem de aplaudir, este ano, uma música, um tipo de música que vocês não teriam coragem de aplaudir no ano passado? São a mesma juventude que vão sempre, sempre, matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem? Vocês não estão entendendo nada, nada, nada, absolutamente nada. Hoje não tem Fernando Pessoa. Eu hoje vim dizer aqui, que quem teve coragem de assumir a estrutura de festival, não com o medo que o senhor Chico de Assis pediu, mas com a coragem, quem teve essa coragem de assumir essa estrutura e fazê-la explodir foi Gilberto Gil e fui eu. Não foi ninguém, foi Gilberto Gil e fui eu!”

“Vocês estão por fora! Vocês não dão pra entender. Mas que juventude é essa? Que juventude é essa? Vocês jamais conterão ninguém. Vocês são iguais sabem a quem? São iguais sabem a quem? Tem som no microfone? Vocês são iguais sabem a quem? Àqueles que foram na Roda Viva e espancaram os atores! Vocês não diferem em nada deles, vocês não diferem em nada. E por falar nisso, viva Cacilda Becker! Viva Cacilda Becker! Eu tinha me comprometido a dar esse viva aqui, não tem nada a ver com vocês. O problema é o seguinte: estão querendo policiar a música brasileira. O Maranhão apresentou, este ano, uma música com arranjo de charleston. Sabem o que foi? Foi a Gabriela do ano passado, que ele não teve coragem de, no ano passado, apresentar por ser americana. Mas eu e Gil já abrimos o caminho. O que é que vocês querem? Eu vim aqui para acabar com isso!”

“Eu quero dizer ao júri: me desclassifique. Eu não tenho nada a ver com isso. Nada a ver com isso. Gilberto Gil (entrando no palco). Gilberto Gil está aqui comigo, para nós acabarmos com o festival e com toda a imbecilidade que reina no Brasil. Para acabar com isso tudo de uma vez. Nós só entramos no festival pra isso. Não é Gil? Não fingimos. Não fingimos aqui que desconhecemos o que seja festival, não. Ninguém nunca me ouviu falar assim. Entendeu? Eu só queria dizer isso, baby. Sabe como é? Nós, eu e ele, tivemos coragem de entrar em todas as estruturas e sair de todas. E vocês? Se vocês forem… se vocês, em política, forem como são em estética, estamos feitos! Me desclassifiquem junto com o Gil! Junto com ele, tá entendendo? E quanto a vocês… O júri é muito simpático, mas é incompetente.”

“Deus está solto!”

(Cantando) “Me dê um beijo, meu amor/ Eles estão nos esperando/ Os automóveis ardem em chamas/ (declamando) Derrubar as prateleiras/ As estantes/ As estátuas/ As vidraças/ louças, livros, sim/ E eu digo, (gritando) sim/ E eu digo, não ao não/ E eu digo: (cantando) Proibido proibir. (Discursando) Fora do tom, sem melodia. Como é júri? Não acertaram qualificar a melodia de Gilberto Gil? Ficaram por fora. Gil fundiu a cuca de vocês, hein? É assim que eu quero ver. Chega! …”

O cio da terra

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Retalhos de Cetim

Sabatina com Dilma - JN - 09/08/2010



A entrevista é comparável ao crime cometido pela Rede Globo, ao editar o famoso debate entre Collor e Lula em 1989. Golpistas, duros, inconformados com o sucesso do governo Lula, a imprensa brasileira tem um candidato. É o PIG e sua sujeira, agindo através das garras sujas desse casalzinho tão modelo das elites brasileiras. Dilma foi bem, muito bem. Diferente do debate da Band. Espero, ansiosamente, pelos números do Datafolha ...

Santástico

domingo, 8 de agosto de 2010

Centenário de Adoniran Barbosa



Singela homenagem a Adoniran. Quem mais falaria com tanta destreza das frechadas de um olhá que deixam o peito como uma tauba e matam mais do que veneno estriquinina, bala de carabina e do que peixeira de baiano? Adoniran, definitivamente, desmente Vinícius: São Paulo não é o túmulo do samba ...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Et in Arcadia Ego

















Et in Arcadia Ego (1638-9), Nicolas Poussin, Musée du Louvre, Paris

domingo, 1 de agosto de 2010

O senhor e a senhora Andrews














O senhor e a senhora Andrews (1748-49), Thomas Gainsborough, National Gallery

Poeira leve