quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Cracolândia e a Folha de São Paulo

Prezados moradores e vizinhos de Campos Elíseos,
Já não sem tempo, o editorial da Folha de S.Paulo de hoje retoma o assunto da cracolândia e o fechamento de cursos médios do Liceu Coração de Jesus!
Sem dúvida, a imprensa (talvez, melhor ainda, a mídia) teria uma importante função social ao denunciar e cobrar do Poder Público as ações que nós, meros moradores do bairro, e sem voz, há muito vimos cobrando e denunciando.
Esse editorial, no entanto, requentando tudo o que já sabemos à exaustão, parece mais uma resposta “oficial” dos políticos que estão à frente do Poder Público para, mais uma vez, nos pedir “paciência e resignação”. Seria uma forma de amenizar ou controlar nossa revolta para não expormos o que o próprio jornal deixa de fazer, ou seja, as vísceras desses governos municipal e estadual que passivamente entregam o problema à especulação imobiliária, como se prédios novos e envidraçados bastassem para resolver o problema (que, aliás, já não é mais de moradores de rua, pois as notícias já nos dão conta do grande envolvimento da classe média com o crack!).
Esse tom neutro e obsequioso do Editorial da FSP em relação àqueles “que governam” omite os nomes dos responsáveis (governadores, secretários, prefeitos e vereadores) e deixa de dizer a verdade: que o Poder Público (Estado e Município) não está interessado em resolver esse problema, pois não envolve efetivamente a Saúde, a Assistência Social (SMADS), a Secretaria do Trabalho, a de Habitação, o Ministério Público e todas as outras instâncias afins para enfrentamento desse grande desafio. No máximo, esses que hoje ocupam e de há muito vêm ocupando os mesmos lugares do Poder Público tentam nos enganar colocando na rua a polícia, que só faz espalhar o problema daqui para ali. E ainda com a empáfia de dizer que dessa vez o Poder Público está de fato atuando!
Observem que no texto do Editorial não há nenhum questionamento mais articulado em relação às ações desastradas do Poder Público até hoje, não há cobranças em relação ao envolvimento das áreas de Saúde, Habitação, Serviço Social, do Ministério Público etc., mas sim uma lamentável conivência com o “crime” das concessões urbanísticas transferidas à iniciativa privada que vai pisar na história do centro velho transformando tudo em shopping Center envidraçado (comprando a preço de cracolândia e vendendo a preço de Berrine). Para que, então, um Editorial desses, que diz o que o senso comum diz e quer ouvir?
Por essas e outras, é preciso que aprendamos a ler com cuidado essa nossa imprensa. Afinal, a serviço de quem está a Folha de S.Paulo?

Nelson Luis Barbosa

Nenhum comentário: