Todo começo de ano, como serviço de utilidade pública, alertamos  sobre tipinhos de alta periculosidade. Agora não será diferente, em edição revista e ampliada, velhos tipos e algumas confissões de fraqueza deste cronista:

Homem-gourmet – A cerveja dele é gourmet,  o café é gourmet, até a água é gourmet. Se tudo é gourmet, perdão pela grosseria, mas nada de te comer. Corra, Lola, corra.

Homem-ocupação - É o tipo que sempre tem uma causa. Ótimo. O mundo carece destes homens de boa vontade. O problema é que de tanto salvar o mundo, ele esquece justamente de você. Desocupa a área, Lola, desocupa.

Homem de predinho antigo – Até este macho-jurubeba que vos fala já capitulou e mora em um destes endereços. E logo eu que dizia que todo homem que habita um predinho é, para dizer o mínimo, um metrossexual enrustido.

O pior não é morar em tal lugar. O que mais dói é quando ele pronuncia, como toda a afetação desse mundo, que mora num “predinho-antigo-charmoso”. Pelo menos desse mal não padeço.
O cenário do homem de predinho antigo é o seguinte: você entra, resistente leitora, e avista logo umas revistas chiques estrangeiras espalhadas pela sala, tipo “ID”, “Wallpaper” etc.
O cara manja de decoração e entende de iluminação indireta. É cada luminária de design que só vendo! Possui também cadeiras ou poltroninhas de grife, aqueles estranhos móveis com nome de gente.
Sim, habito um predinho antigo, mas, fora um ou outro presente das moças, pelo menos no critério decoração mantenho a integridade jurubebística.

Homem-hortinha – Aquele mancebo que, ao receber as moças elegantemente para um jantar, usa o manjericão cultivado na própria hortinha que mantém no quintal ou na área de serviço.
Cultivar o próprio manjericão não é exatamente o defeito do rapaz. O problema é que ele passa duas horas a discorrer sobre o cultivo da hortinha. Uma amiga, coitada, conheceu um destes exemplares que cultivava até a própria minhoca usado como “fator adubante” da própria hortinha.  Corra, Lola, avoe, mina!

Homem-bouquet – Aquele macho que entende de vinhos finos, abre a garrafa cheio de drama e nove-horas, cheira a rolha, balança na taça, sente o bouquet e curte o amadeirado. Gostar de vinho bom, velho Baco, não é um delito. Pecado mesmo é arrotar esse conhecimento por horas nas oiças da moça. Dispare, Lola, dispare enquanto é tempo.

Homem-Ossanha – Trata-se daquela cara que repete o comportamento da música “Canto de Ossanha”, como no samba de Vinícius de Moraes e Baden Powell: “O homem que diz vou/ Não vai!” O cara que assanha e cai fora.

Esse cara já fui eu, fomos, não é, amigo? Haja carapuça. Todo macho tem seu momento de frouxo. O mal é manter esse comportamento como regra, caso da maioria dos homens do nosso tempo. Vaza, Lola, vaza!