segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Poema I de GRAMATICAIS

Uma palavra que entre as coisas caminhasse
tal qual um deus incógnito entre os mortais,
sem revelar a sua verdadeira face. 


Uma palavra que vivesse na linguagem
perfeitamente engastalhada em meio às coisas,
como a maçã na casca, ou a ervilha na vagem. 


Uma palavra que pulsasse sob a derme
como aguarda sem pressa a hora de espocar
de sua cápsula, uma semente ou germe. 


Enfim uma palavra apenas que pudesse
abraçar todo o mundo, e nele não coubesse.


BRITTO, Paulo Henrique. Tarde. São Paulo. Companhia das Letras, 2007.

Nenhum comentário: