quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Carta ao Homem do Povo Charlie Chaplin

Falam por mim os que estavam sujos de tristeza e feroz desgosto de tudo,
que entraram no cinema com a aflição de ratos fugindo da vida,
são duas horas de anestesia, ouçamos um pouco de música,
visitemos no escuro as imagens - e te descobriram e salvaram-se.

Falam por mim os abandonados da justiça, os simples de coração,
os párias, os falidos, os mutilados, os deficientes, os recalcados,
os oprimidos, os solitários, os indecisos, os líricos, os cismarentos,
os irreponsáveis, os pueris, os cariciosos, os loucos e os patéticos.

ANDRADE, Carlos Drummond de. A Rosa do Povo. In: Poesia Completa. Volume Único. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 2002.

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