Nelson Luis Barbosa
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Cracolândia e a Folha de São Paulo
Nelson Luis Barbosa
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Avanço da Cracolândia II
Se observarmos, por exemplo, a votação dada a Kassab e a vereadores do DEM em nosso bairro (Campos Elíseos), saberemos que temos um contrassenso, um paradoxo. Estamos reclamando do quê? Se não há consciência política, temos, infelizmente, que sofrer pelos nossos próprios erros. Os dados estão aí: os votos de nosso bairro foram maciços para Kassab. Este, como se sabe, engaja-se cada vez mais nas eleições de 2010, mas sem descuidar da Associação de Moradores dos Jardins, a AME Jardins, da qual faz parte. Se o prefeito participa da reunião dessa Associação, por que não vem a nossa? Ele é prefeito da cidade ou apenas morador dos Jardins? Se há erros grosseiros deste governo que está aí há quase 20 anos na direção do Estado e há 5 anos na Prefeitura, há também pecados capitais na escolha desses governantes. Não tenho os dados em mãos, mas desconfio de que os votos dados a Paulo Maluf, em 1992, e a Celso Pitta, em 1996, também tiveram peso em nosso bairro. Daí, como diz o grande geógrafo Milton Santos, percebemos que o espaço urbano é, sobretudo, um depositário de muitos tempos. Em nosso caso, esses tempos, resíduos percucientes, são de irresponsabilidade política de governantes e eleitores. Tempos que reverberam atrozmente sobre e contra nós. Será que há, pelo menos, um cão cheirando o futuro?
Avanço da Cracolândia I
Prezados amigos, vizinhos e moradores de Campos Elíseos,
É com muita tristeza que repassamos esta notícia do fechamento do ensino médio do Liceu Coração de Jesus (Folha de S.Paulo, 28/10/2009) em Campos Elíseos.
Infelizmente para nós, tanto o Poder Público municipal quanto o Poder Público estadual, que comandam sobretudo o Estado há quase vinte anos, não estão definitivamente interessados em resolver o problema da Cracolândia na região, a não ser empurrar o problema para o nosso bairro, criando mais uma farsa chamada operação “Centro Legal”, em que não há compromissos por parte da Saúde, da Assistência Social e do Ministério Público – toda ação é meramente policialesca.
Também a farsa do investimento pesado na revitalização da região vem sendo desmascarada dia a dia, pois todos os equipamentos culturais aqui instalados servem apenas para distrair uma elite que mal se relaciona com o bairro e seus problemas, além de os projetos de revitalização somente atenderem a interesses da especulação imobiliária.
Nosso bairro precisa reagir e se preparar para a próxima eleição em 2010. Precisamos dar uma resposta a esses representantes do Poder Público.
Associação de Moradores de Campos Elíseos
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Conclusão
Nós, sua presa,
vamos sem receio.
Quando rimos, indo, em meio à correnteza,
chora de surpresa
em nosso meio.
Rainer Maria Rilke
CAMPOS, Augusto de. Coisas e Anjos de Rilke. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2007.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Tão pequeno
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?
Caetano Veloso
[ sobre poema de Luís de Camões ]
quarta-feira, 29 de julho de 2009
XXVII
Même quand elle marche on croirait qu'elle danse,
Comme ces longs serpents que les jongleurs sacrés
Au bout de leurs bâtons agitent en cadence.
Comme le sable morne et l'azur des déserts,
Insensibles tous deux à l'humaine souffrance,
Comme les longs réseaux de la houle des mers,
Elle se développe avec indifférence.
Ses yeux polis sont faits de minéraux charmants,
Et dans cette nature étrange et symbolique
Où l'ange inviolé se mêle au sphinx antique,
Où tout n'est qu'or, acier, lumière et diamants,
Resplendit à jamais, comme un astre inutile,
La froide majesté de la femme stérile.
BAUDELAIRE. Charles. “Les Fleurs du Mal”. In: Oeuvres complètes. Éditions Robert Laffont, 2001.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Carta-manifesto contra a Cracolândia
A comunidade do bairro de Campos Elíseos e adjacências vem publicamente protestar junto à Prefeitura de São Paulo e o Governo do Estado quanto ao modo como vêm tratando o grave problema da Cracolândia e dos moradores de rua na cidade de São Paulo.
Campos Elíseos e bairros adjacentes não aceitam que a nova Cracolândia se instale nas suas ruas, sendo empurrada pela Prefeitura, que entrega a região da Nova Luz ao poder do capital e da especulação imobiliária.
Exigimos que a Prefeitura e o Governo do Estado apresentem urgentemente solução para o problema e um plano de metas para nossos bairros, considerando:
a) A necessidade de um programa sério de saúde, criado e mantido pela Prefeitura e pelo Estado, para tratamento de usuários de crack e outras drogas, com criação e implementação de clínicas para tratamento de dependentes químicos.
b) Promova uma discussão pública e com especialistas a respeito do direito dessas pessoas a tratamento de saúde e acolhimento social.
c) Respeito à Lei Municipal 12.316 em relação aos serviços sociais necessários e urgentes para acolhimento e atendimento a moradores de rua, devolvendo-lhes a dignidade perdida e/ou ameaçada.
d) Coíbam e fiscalizem ações assistencialistas no bairro que visam manter as pessoas carentes em situação de miséria permanente por exclusiva dependência de supostos benefícios.
e) Promovam a revitalização e recuperação dos bairros centrais para que estes não venham a se tornar, posteriormente, alvo da especulação imobiliária que pisa na história dos bairros e da cidade de São Paulo.
Nosso manifesto visa mostrar à população que, por atrás de importantes e necessários equipamentos culturais para a cidade, como a Sala São Paulo, a Estação Pinacoteca e a Escola de Balé, existe um entorno totalmente degradado que agoniza a céu aberto e que tem sido tratado pelo Poder Público com desprezo e desrespeito aos cidadãos do centro. Não queremos que nossos bairros se tornem num futuro próximo alvo de predadores movidos exclusivamente pela especulação imobiliária.
Exigimos respeito, segurança e participação nas decisões quanto ao futuro de nossos bairros.
São Paulo, julho de 2009
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Ingenuidade
Eu não podia me enganar assim
Com uma criança qualquer
Que veio ao mundo bem depois de mim
Eu não reclamo o que ela fez
Só condeno a mim mesmo
Por ter me enganado outra vez
Eu fiz o papel de um garotinho
Quando arranja a primeira namorada
Na ingenuidade, acredita em tudo
Porque do amor não entende nada
Esqueci que um dia machuquei meu coração
E levei muitos anos pra curar
E fui tornar molhar meus olhos
Coisa que eu luto a muitos anos pra enxugar.
(Serafim Adriano)
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Mortal loucura
Na oração, que desaterra … a terra,
Quer Deus que a quem está o cuidado … dado,
Pregue que a vida é emprestado … estado,
Mistérios mil que desenterra … enterra.
Quem não cuida de si, que é terra, … erra,
Que o alto Rei, por afamado … amado,
É quem lhe assiste ao desvelado … lado,
Da morte ao ar não desaferra, … aferra.
Quem do mundo a mortal loucura … cura,
A vontade de Deus sagrada … agrada
Firmar-lhe a vida em atadura … dura.
O voz zelosa, que dobrada … brada,
Já sei que a flor da formosura, … usura,
Será no fim dessa jornada … nada.
(Zé Miguel Wisnik e Gregório de Matos)
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Das solidariedades hipócritas
Busque Amor novas artes, novo engenho
Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.
CAMÕES, Luís de. "Sonetos". In: Obra Completa em um volume. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 2005, p. 273.
Fenômeno
domingo, 26 de abril de 2009
Le temps
Le temps se passe, et le conte de la vie
s'achève, sans qu'on s'en aperçoive".
Diderot
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Muito além do Cidadão Dantas
Gilmar Dantas
Um Homem de Moral
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Sobre a intuição
South American Way
in the tropics?
With that hazy lazy
Like, kind of crazy
Like South American Way
Ai, ai, ai, ai
Have you ever kissed
in the moon light
In the grand and Glorious
Gay Notorious
South American Way
segunda-feira, 13 de abril de 2009
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Poética da recusa
Muros
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Memorial de Aires
segunda-feira, 30 de março de 2009
Olhos Azuis

A Folha adora debochar das mancadas verbais do presidente Lula. Quase sempre de maneira preconceituosa, elitista, exagerada, inócua e equivocada porque um presidente deve ser julgado pela sua administração, não pelo seu português ou seus conhecimentos gerais.
Na sexta, deu destaque a um desses deslizes: a acusação de que a crise econômica é culpa de "gente branca com olhos azuis". A frase tem conotação racista e ideológica, foi proferida diante de um chefe de governo de nação majoritariamente branca e merecia repercussão.
Mas ao armar uma pegadinha para Lula e mostrar que há envolvidos na crise negros, asiáticos e de olhos castanhos, o jornal aceita a premissa do argumento e se nivela com ele.
Porque a carga horária almentar ?
domingo, 8 de março de 2009
Ronaldo x Palmeiras
sábado, 7 de março de 2009
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças
Esquecida pelo mundo que ela esqueceu
Brilho eterno de uma mente sem lembranças!
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança"
A Pantera
De tanto olhar as grades seu olhar
esmoreceu e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra:
Grades, apenas grades para olhar.
A onda andante e flexível do seu vulto
em círculos concêntricos decresce,
dança de força em torno a um ponto oculto
no qual um grande impulso se arrefece.
De vez em quando o fecho da pupila
se abre em silêncio. Uma imagem, então,
na tensa paz dos músculos se instila
para morrer no coração.
Rainer Maria Rilke
(tradução de Augusto de Campos)
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Feito um riachinho num ribeirão
ROSA, João Guimarães. "A Estória de Lélio e Lina". In: Corpo de Baile. Volume 1. Edição Comemorativa 50 anos. São Paulo: Ed. Nova Fronteira, 2006.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Plataforma 2009
Não põe corda no meu bloco,
nem vem com teu carro-chefe,
não dá ordem ao pessoal.
Não traz lema nem divisa que a gente não precisa
que organizem nosso Carnaval.
Eu não sou candidato a nada,
meu negócio é madrugada mas meu coração não se conforma.
O meu peito é do contra e por isso mete bronca
por um bloco que derrube esse coreto,
por passistas à vontade que não dancem o minueto,
por um bloco sem bandeira ou fingimento
que balance a abagunce o desfile e o julgamento,
que sacuda e arrebente o cordão de isolamento.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Chá de Jurubeba
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Preleção I
Para admirar o poeta
Por ele suportar com bons modos
As circunstâncias desagradáveis:
Aquelas damas com as melhores intenções,
Os esnobes e seus aplausos,
O canibalismo e as guerras
Do seu século.
Porque o palestrante apenas fingia
Estar entre eles, com eles.
Na verdade, recolhido,
Estava contando sílabas.
Servo da arquitetura,
Criador de variantes de cristal,
Se apartava da causa
Irrazoável dos mortais. (...)
Preleção II
A alegria e o choro,
A fé e o desespero,
A vileza e o horror.
O vento cobriu de neve os sinais,
A terra levou os gritos,
Hoje ninguém mais se lembra
Como e quando isto foi.
E só um dourado, brilhante
Verso decassilábico
Perdura e perdurará pela própria
Harmoniosa razão.
E eu, tarde, retorno
Com um pouco de amargura
Ao seu cemitério marinho
Num meio-dia começado a cada dia.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Pecado?
ROSA, João Guimarães. "Campo Geral". In: Corpo de Baile. Volume 1. Edição Comemorativa 50 anos. São Paulo: Ed. Nova Fronteira, 2006.