segunda-feira, 24 de maio de 2010

Sobre a intuição

O raro leitor sabe o quanto a intuição é fundamental neste mundo tão descrente de tudo. A intuição é um ver onde não se vê. É um visto não visto, mas que se sabe. Na intuição temos o pressentimento, e também discernimento. O que se sente e o que se percebe racionalmente, mas sempre como mistério. É da faculdade da intuição captar essências que de tão temporais e fluidas, são paradoxalmente concretas. Trata-se de um alargamento do espaço, entrelaçamento entre real e ficcional, desde que se entenda todo ficcional como alargamento de formas possíveis. A isso chamaria intuir. Escreveu Fernando Pessoa que para decifrar os símbolos era preciso cinco qualidades: simpatia, compreeensão, inteligência, a conversa com o anjo da guarda e justamente a intuição.Por intuição, escreveu o poeta, entende-se o que está além do símbolo, o entendimento que se sente, sem que se veja. Acrescentaria que para entender sem ver é preciso ver. Ver o que está além do símbolo. É o que nos falta.

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