É bom falar mal do capitalismo. Fácil.
Ao fazermos, entendemos como ninguém o significado da expressão "lavar a
alma". Discursamos, nos inflamamos contra as injustiças da vida, como
se nosso discurso pudesse representar um fio, um pequeno elo de
organização neste mundo tão descrente de tudo, mundo, mundo, sem rima,
sem solução, mundo grande sem porteira. O difícil mesmo é quando
vivenciamos o tal "sistema". É sempre mais cruel. Nada fácil. Carnadura,
cidade, realidade oca, coxa, capenga. Nunca me esqueço de um
personagem, se não me engano interpretado por Javier Bardem, de Segunda-Feira ao Sol, filme espanhol que desbancou o badaladíssimo Fale com Ela, de Almodóvar, na busca do Oscar
de melhor filme estrangeiro, naquele já longínquo ano de 2002. Ele se
lamentava do fato de que todas as promessas feitas em nome do
socialismo se mostraram grandes mentiras. Mas constatava o pior: tudo o
que foi prometido pelo capitalismo era de fato verdade.
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