Em Beckett, impressiona, indiscutivelmente, o seu peculiar bilingüismo . Ele oscila entre duas línguas e traduz a si mesmo . Tudo atrelado às dificuldades de uma prosa que , tocada por um narrador que se põe em xeque a cada passo , rarefaz o enredo , dissolve os personagens , abandona a pontuação , abraça a elipse e a repetição como procedimentos. Fundamental notar que Beckett é um escritor que se fixou numa língua que não é a sua . Há aí, sem dúvida, todo um afã de despersonalização. Para Ferreira Gullar, Beckett é apenas um "chatola". Para outros escritores, há a percepção (menos superficial) de que a escrita de Beckett visa a uma lógica fria , a um distanciamento que dificilmente ele chegaria se escrevesse em sua língua materna .
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